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Você sabia que a sua personalidade se forma ao longo da vida? Descubra os oito estágios do desenvolvimento humano e como eles influenciam seu jeito de ser.
As escolhas que fazemos, os relacionamentos que cultivamos e as crises que enfrentamos ao longo da vida podem ter raízes mais profundas do que imaginamos. A teoria das fases psicossociais de Erik Erikson nos oferece uma oportunidade para entender como nós funcionamos e lidamos com o mundo.
Erik Erikson, um dos mais importantes psicanalistas do século XX, propôs uma teoria do desenvolvimento psicossocial que se estende por toda a vida humana, desde a infância até a velhice, o que pode nos ajudar muito no entendimento de cada fase da vida e na influência na vida adulta. Sua contribuição foi significativa, fundamentada no desenvolvimento de cada indivíduo, considerando as relações interpessoais e o ambiente. Para Erik Erikson, a personalidade não é algo estático e imutável, mas sim uma construção dinâmica que se desenvolve e se transforma ao longo de nossa jornada, e que cada um de nós possui uma capacidade de se adaptar e superar desafios, mesmo que tenhamos enfrentado dificuldades em estágios anteriores.
O que é desenvolvimento psicossocial?
Segundo Erikson, o desenvolvimento psicossocial é um processo contínuo de crescimento pessoal, que envolve tanto aspectos psicológicos como a formação da identidade e da autoestima, quanto sociais, no que diz respeito as relações interpessoais e o papel de cada um de nós no meio em que vivemos. Esse processo inclui etapas com crises especificas de cada uma delas, identificadas por Erikson, onde precisamos enfrentar e resolver conflitos internos, para que possamos avançar coerentemente para o próximo estágio da vida. Estas crises fazem parte da construção da personalidade. A maneira como cada um de nós lida com essas crises, influencia nossa identidade, nosso jeito de ser e a maneira de nos relacionarmos uns com os outros.
As crises de cada fase representam momentos de transição no desenvolvimento da personalidade. É como se fossem cruzamentos em que o indivíduo precisa tomar uma direção que moldará seu futuro. As crises envolvem um conflito interno entre diferentes aspectos que se apresentam, como por exemplo: na adolescência, quando o jovem precisa compreender e conciliar sua identidade individual com as expectativas do meio em que vive. Na teoria de Erikson, o termo “crise” representa uma oportunidade de se desenvolver e de se fortalecer. Ao superar cada crise em cada fase da vida, o indivíduo adquire novas habilidades e qualidades.
A compreensão de que temos fases com características especificas de cada uma delas, nos permite conhecermos mais a nós mesmos, ao identificar em qual fase estamos e quais são os desafios inerentes, que fazem parte da natureza humana. Permite também entender as necessidades e os desafios das outras pessoas de nosso convívio, facilitando e melhorando os relacionamentos, além de poder oferecer apoio e orientação a amigos e familiares. Ao nos tornarmos mais conscientes do nosso funcionamento, esta tomada de consciência pode nos ajudar a superar crises e melhorar o nosso bem-estar e a saúde emocional.
As oito fases do desenvolvimento psicossocial
- Confiança vs. desconfiança, de 0 a 1 ano. A base da confiança é construída nos primeiros anos de vida, através da relação do bebê com as pessoas ao seu redor, especialmente com seus cuidadores. Se suas necessidades forem atendidas de forma consistente e amorosa, a criança desenvolverá uma sensação de segurança e bem-estar. Caso contrário, pode desenvolver desconfiança e ansiedade.
Consequências desta fase. Confiança: indivíduos que desenvolveram um senso de confiança tendem a ser mais seguros, capazes de formar relacionamentos saudáveis e dispostos a explorar o mundo. Desconfiança: estas pessoas podem apresentar dificuldades em confiar nos outros, ansiedade social e problemas em estabelecer relacionamentos íntimos. - Autonomia vs. vergonha e dúvida, de 1 a 3 anos. Nesta fase, a criança começa a explorar o mundo ao seu redor e a desenvolver um senso de autonomia e independência. É importante que os cuidadores permitam que a criança explore e faça escolhas, mesmo que isso signifique algumas frustrações, evitando que a criança desenvolva sentimentos de vergonha e dúvida em relação a suas potencialidades.
Consequências desta fase. Autonomia: indivíduos com um senso de autonomia são mais independentes, assertivos e capazes de tomar decisões. Vergonha e dúvida: pessoas que se sentem envergonhadas e duvidam de si mesmas podem se tornar inseguras, indecisas e propensas à submissão. - Iniciativa vs. culpa, de 3 a 6 anos. A criança começa a explorar seu mundo e se envolver em atividades com mais complexidade. É uma fase importante para o despertar da curiosidade e da imaginação. Neste estágio, os pais devem estimular a iniciativa e oferecer um ambiente criativo. Quando não ocorre de maneira adequada, a criança pode desenvolver sentimentos de culpa e inibição.
Consequências desta fase. Iniciativa: pessoas com iniciativa são mais criativas, curiosas e dispostas a assumir riscos. Culpa: pessoas com culpa excessiva podem ser inibidas, passivas e temerosas de cometer erros. - Produtividade vs. inferioridade, de 6 a 12 anos. Nesta etapa, a criança aprende a trabalhar e a cooperar com os outros, desenvolvendo um senso de competência em diversas atividades, e começa a se comparar com os outros de seu convívio. Para evitar sentimentos de inferioridade e desânimo, é importante que ela tenha oportunidades de aprender e se destacar em alguma área.
Consequências desta fase. Produtividade: pessoas diligentes são mais confiantes, persistentes e motivadas a alcançar seus objetivos. Inferioridade: Pessoas com sentimentos de inferioridade podem apresentar baixa autoestima, dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento. - Identidade vs. confusão de identidade, adolescência. A busca por identidade é central nesta fase, marcada por mudanças físicas e sociais. Nesta fase, o adolescente busca encontrar sua identidade e seu lugar no mundo. É um período de grandes mudanças físicas e emocionais, e o adolescente pode experimentar uma série de conflitos internos. É importante que o adolescente tenha o apoio de seus familiares e amigos para desenvolver um senso de identidade forte e coeso.
Consequências desta fase. Identidade: Indivíduos com uma identidade forte são mais seguros, autênticos e capazes de tomar decisões importantes. Confusão de Identidade: Pessoas com confusão de identidade podem experimentar dificuldades em encontrar seu lugar no mundo, ter problemas de relacionamento e experimentar crises de identidade na vida adulta. - Intimidade vs. isolamento, jovem adulto. O jovem adulto busca estabelecer relações íntimas e duradouras com outras pessoas nesta fase. É importante que o jovem adulto seja capaz de se abrir para os outros e de se conectar em um nível mais profundo. Caso contrário, pode se sentir isolado e sozinho.
Consequências desta fase. Intimidade: Indivíduos capazes de formar relacionamentos íntimos são mais felizes, satisfeitos com a vida e capazes de construir vínculos duradouros. Isolamento: Pessoas isoladas podem ter dificuldades em estabelecer conexões significativas, sentir-se solitárias e experimentar um senso de vazio. - Generatividade vs. estagnação, idade adulta. O adulto busca contribuir para a sociedade e deixar um legado. Nesta fase, o adulto deseja deixar sua marca no mundo e contribuir para o bem-estar das próximas gerações. Pode ser através da criação de filhos, do trabalho ou do envolvimento em causas sociais. Caso contrário, pode se sentir estagnado e sem propósito.
Consequências desta fase. Geratividade: Indivíduos com um senso de geratividade são mais engajados em seus trabalhos, famílias e comunidades, e sentem-se realizados com suas vidas. Estagnação: Pessoas estagnadas podem sentir-se entediadas, descontentes e sem propósito.
- Integridade vs. desespero, velhice. O idoso avalia sua vida e busca um senso de completude. Nesta fase, o idoso busca encontrar um significado para sua vida e aceitar sua mortalidade. Se o idoso tiver vivido uma vida plena e significativa, pode desenvolver um senso de integridade e aceitação. Caso contrário, pode sentir desespero e arrependimento.
Consequências desta fase. Integridade: Indivíduos com integridade aceitam sua vida como ela foi, sentem-se satisfeitos com suas conquistas e têm um senso de paz interior. Desespero: Pessoas com desespero podem sentir remorso, ressentimento e medo da morte.
Erik Erikson não definiu idades exatas e rígidas para uma das fases do desenvolvimento psicossocial, pois o desenvolvimento humano é um processo muito particular de cada um, e influenciado por diversos fatores como genética, cultura, experiências de vida e contexto social. É importante ressaltar que as fases psicossociais são um guia geral e que cada indivíduo experimenta o desenvolvimento de forma única. A psicanálise, através da análise clínica, pode te ajudar a explorar as nuances de cada fase e a encontrar soluções personalizadas para os desafios que se apresentam durante a vida.
E você, em qual fase da vida se encontra? Quais desafios você está enfrentando? A teoria de Erikson pode te ajudar a encontrar respostas e a trilhar um caminho mais pleno e significativo.
Até a próxima!
Denise Brianza
Referências:
Feist, Jess, Feist Gregory, Roberts Tomi-Ann. Teorias da personalidade. 2014. Editora Artmed.